Será que podemos confiar nos bombeiros?
Os bombeiros, lá porque têm uma ambulância ou um carrinho vermelho que faz ti-nó-ni, acham que mandam muito e que são mais importantes que os outros (mais ou menos como algum pessoal trajado, ai tenho um traje uuuuh sou tão importante)
"Saiam da frente, subam passeios, façam o pino, eu vou a conduzir uma ambulância e vou cheio de pressa aqui para o quartel". Claro que, em emergências, eles devem fazer pressão, mas, caríssimos, eu moro ao ladinho de um quartel e venho por este meio desmistificar esta espécie, bombeirus palermus.
As ruas que vão ter ao meu prédio são de dois sentidos, mas para passarem dois carros, um tem de parar. Ia eu a subir a rua e eles a descer. Eu já estava a subir quando eles começaram a descer, mas nada de pararem antes da descida, eles têm muita pressa - e vão a conduzir uma ambulância, pá! Com carros estacionados do lado direito, fiz ali uma manobra o mais rápido que pude para os deixar passar o mais rápido possível, ao que os ouço a mandar vir com caralhadas a valer. Ok, têm ali uma grávida prestes a dar à luz, os nervos à flor da pele, alguém em paragem cardíaca e eles sem desfibrilador, todos os segundos contam, uma mulher vinda dum acidente sem braço, uma urgência! ABRAM ALAAAAAS!
Mas não. Eis que o homem desce a estrada e se enfia calmamente no quartel.
Aquilo deu-me cá uns nervos, senti-me humilhada, insultada, e sem razão nenhuma! Agora imaginem, enfurecida a sair do carro à noite, a dirigir-me em passo quase de corrida para o quartel e o meu home atrás de mim só a dizer para ter calma. Entrei no portão deles e vi meia dúzia de ambulâncias e os bombeiros ao longe a olhar. O meu babe chega "Tem calma, queres fazer o quê, vais-lhes bater?" Mas eu juro, ai, juro que se tivesse a matrícula daquela porcaria tinha feito uma queixa por escrito. Mas prometi a mim mesma. O próximo sábado à noite que houver karaoke...
O karaoke. Os bombeiros gostam de karaoke. Aos sábados, até às tantas da manhã, lá estão eles a cantar músicas da Rita Guerra. Nós é que não gostamos tanto, que aquilo até de dentro de casa se ouve a LETRA da música. Sim, porque eles não só gostam de ligar as colunas bem alto, como de ter as persianas levantadas para se ver o espectáculo.
Os bombeiros gostam de lavar o carro com a água do quartel. Lá andam eles a lavar os carrinhos, nada de desligar a mangueira, tudo com alto jacto, trá lá lá, que aqui não se paga quase nada de água e a torneira está a cinco metros de mim, dá muito trabalho.
Os bombeiros gostam de me acenar, quando estou a estender a roupa, e gostam de mandar piropos quando nos cruzamos na rua (o que me lembra que se um dia eu estiver aflita, depois de me levarem ao hospital vão é comentar as minhas pernas ou se tinha as cuecas vestidas ou não, e para mim os bombeiros são como os médicos, têm de ser assexuados!)
No outro dia estava a ouvir vozes alto na rua, já passava da meia noite. Levanto os estores e, maravilha, bombeiros a dançar e a cantar uns com os outros no meio no estacionamento das ambulâncias.
Mas qu'é isto?
Já agora, aconselho-vos a repararem no seguinte. Às vezes estamos em casa e ouvimos uma ambulância a passar com o alarme ligado, outra vezes, estamos nos semáforos e lá chega uma que, só aí, liga o alarme. Por que será?
a) Ai que me ia esquecendo que tenho um homenzinho a morrer lá atrás! Deixa-me ligar o alarme!
b) Ui, está vermelho e tanto trânsito, deixem-me lá ligar o apito para passar à frente desta gente toda.
Pois. E era isto.
Uff. Sinto-me muito melhor.