sexta-feira, 6 de novembro de 2009

De como há homens que não percebem nada de horta

Era uma vez eu há uns anos atrás. Passava pouco do início da Primavera, aquela altura do ano em que os passarinhos começam a cantar e a bailar com o rabinho a dar a dar, "a" altura cliché para acontecer o amor.


Na sequência de coisas menos boas, eu e um conterrâneo que estudava na mesma Universidade que eu começámos a falar mais e a encontrar-nos para almoçar/ lanchar na Universidade, a trocar umas sms e umas conversetas pelo msn. Começou a fase da corte...

Um dia, envia-me uma sms: "Quero convidar-te para jantar... (Blá blá, pardais ao ninho...) Aceitas jantar comigo?" Pois que sim, que vamos.

Ele tratou de tudo. Escolheu o restaurante, reservou mesa (era um dia de semana e nem era um sítio muito movimentado, mas foi atencioso). Pontual, foi-me buscar a casa e daí fomos para o local escolhido por si (não muito barato, por sinal...) Correu tudo maravilhosamente, ele fazia os pedidos, chamava o empregado quando faltava bebida e tudo, tudinho.

Na hora de ir embora, enquanto ele se dirige para o balcão de pagamento, demoro intencionalmente mais uns minutos a vestir o casaco e arrumar a mala, para evitar aquele momento constragedor de ele dizer que paga e eu dizer que não por simpatia e esses ronhonhós.

E lá vou eu, feliz da vida, ter com ele... Apesar de pitosga, começo a ver a sua figura ao fundo com um papel estendido para mim. Ele diz qualquer coisa que eu não percebo (ou achei que não tinha percebido), ao que ele repete, abanando o papel da conta à minha frente: "A tua parte é tal".

Enfim, até senti o empregado a corar por ele e por mim juntos.

E eu não sou nada adepta de que tem que ser o rapaz a pagar só porque sim, acho que isso não tem lógica nenhuma, mas depois de tanto folclore, tanta treta de cavalheirismo, escolher o restaurante sem me perguntar, nada, o mínimo que ele tinha que fazer era pagar o jantar. Digo eu. Pelo menos era o que eu faria.

E, naquele momento, o balão que começava a encher furou. Mais ou menos como nesta altura.


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